Num momento “escreveu, envie” (mesmo que tenha ficado com milhões de quilômetros de extensão. rsrs), estou dividindo aqui um momentinho meu, por acreditar que isso pode trazer boas reflexões... ou discussões, qq um dos dois é sempre lucro! ;)
Longe de ser um passe de mágica...
Eu nunca fui de aceitar muito as coisas caladas. Isso já me gerou diversos problemas, por exemplo, inúmeras brigas com a minha mãe. Ela achava que se ela dissesse “Não porque não” era suficiente. Era isso e fim da história. Eu, como sempre, fazia e faço muito jus a minha geração: nunca aceitei isso, nunca aceitei qualquer coisa sem muita explicação, calada. O que me salva é que como eu sou tímida, em alguns lugares, eu fico quieta, mas não que eu não pense em tudo... ;D
Enfim... Era assim, eu sempre, SEMPRE discutia exigindo um por que. Minha mãe ficava louca. A gente, que brigava muito quando eu era criança, passou dos limites quando eu me tornei adolescente. Sem dúvida alguma, dos quatro filhos que meus pais tiveram, eu não era a que trazia mais problemas (acho que porque sempre procurei ser muito sensata), mas definitivamente, eu era a mais difícil, a mais chatinha. Bom, no fim, eu irritava a minha mãe mais do eu sabia que ela agüentaria e ela perdia a cabeça comigo.
E seguia-se sempre assim, a gente brigava, ela se estressava, depois pedia desculpas, escrevia uma carta, me comprava presentes. Eu, que sempre pensei muito, comecei a pensar tudo aquilo, até que disse que já era. Ela não precisava fazer mais nada, porque desculpas quando se tornam constantes perdem seu valor. Eu tinha uns 15 anos, acho. Simples assim. Eu era (acho que ainda sou) assim: uma coisa que se quebrou, que se perdeu, se rompeu entre mim e alguém, dificilmente tem conserto. Verdade que a pessoa tem que tentar muuuuito, mas uma vez quebrada, dentro de mim, amigo... Foi-se o sentimento puro. A partir daí, pra tudo em relação a pessoa, eu me fecho, olho com desconfiança, enfim, fica difícil entrar de novo, me atingir a alma.
Minha mãe, aos poucos e depois de algum tempo, acho que foi percebendo isso..., o quanto aquilo tudo me machucou. Bom, eu fazia questão de deixar claro! ;P
Depois de algum tempo, ela então, realmente mudou de comportamento comigo, entendeu tudo e passou a realmente me pedir desculpas esperando que eu um dia a desculpasse.
Mas, depois de algum tempo, por mais que eu quisesse, não conseguia, era muito ressentimento guardado... Até que um dia, conversando com uma amiga, ela conseguiu me tocar a alma... suas palavras me atingiram no peito, a ponto de sentir fisicamente um incômodo no coração, no estômago... Ela me disse pra esquecer. Simples assim... “O que isso vai trazer de bom pra você? Lembrar, considerar tudo isso? Esqueça, perdoe!”
O que acontece que essa amiga minha é conectada á minha alma. É um privilégio de poucos ter alguém assim na sua vida. Que você pega o telefone pra discar e ele toca com a pessoa do outro lado (quase que SEMPRE) porque ela também estava pensando em você. Uma daquelas pessoas que você desconfia que foi Deus que de alguma forma, juntou vocês (quem sabe mais uma vez?) pra te ajudar, pra facilitar a caminhada... E eu sinto que a gente se ajuda assim, indo mais além, tocando no coração, na alma uma da outra, parece quase que lembrando o que cada uma, provavelmente, veio fazer por aqui... Mesmo (acho) que ela não acreditando muito nessas coisas, eu meio que acredito e sinto muito tudo isso assim. Isso entra numa das minhas teorias loucas que (talvez) fique pra outro post... rs.
Mas, enfim, depois, naquele dia, eu fui pra casa pensando, dormi, acordei pensando, e resolvi ser forte, ir além, aproveitando aquele sentimento que renascia em mim, passando por cima de qualquer coisa, de orgulho (e Deus bem sabe como eu sou orgulhosa), baixando a guarda pra o que é melhor na vida... o perdão, o amor, e o acesso a tudo aquilo que ele traz de bom. Estava perto do dia das mães e ela vinha me visitar pra gente passar a data juntas. Então, conversando, a gente lembrou tudo e ela mais uma vez disse que realmente sentia muito por tudo e queria muito que um dia eu a perdoasse. Então, eu disse que perdoava. Aquele perdão que a gente sabe que não vem da boca, vem do coração. Depois de tudo, ela perguntou se eu pensava que aquele poderia ser um grande passo pra que a gente pudesse estar evoluindo espiritualmente, alguma coisa que a gente precisava entender, transpor, e aprender, se entender e perdoar, amar o outro apesar do que ele é. Eu disse que sim, que na verdade, isso também tinha sido importante pra eu realizar tudo.
Eu não penso em deixar a vida passar em branco. Quero aprender, crescer e principalmente, aproveitar as oportunidades que me são dadas. Sabe aquela pessoa que te feriu? Que te magoou de alguma forma? Que você discorda sempre? Que você não entende e ela não te entende? Ainda mais se for família, porque... Nossa! Tem que ter um motivo pra duas pessoas tão diferentes terem nascido ligadas pra sempre, ou tão iguais em seus desencontros emocionais... Será que não foi mesmo proposital, necessário? E, mesmo que não tenha sido, o que você pode levar disso? Como você pode crescer com isso? Eu sei... Deus, como é difícil!!!!
Uma vez, conversando com minha tia (Linda! Que me faz pensar e querer crescer ainda mais, que me abre os olhos e a mente sempre!), ela me disse que você não é obrigado a conviver com a pessoa, mas você pode perdoar, ajudar, estar ali pra qualquer necessidade. Eu disse que achava que isso já era alguma coisa, mas não era tudo. “Fica muito fácil perdoar, ou pensar que você está perdoando, quando não se convive mais com a pessoa. Tipo... ‘Tá, tudo bem, esquece, deixa pra lá, te perdôo e to aqui pra o que você precisar, mas você aí, eu aqui”. Tipo... “Quero que você seja muito feliz... longe de mim.”.
É lógico que nem sempre da pra fazer tudo, você vai lá tentar fazer sua parte, e pessoa parece que não quer nem tentar, nem nada. E aí volta tudo, o sangue esquenta, e dá vontade de desistir de vez da pessoa, do relacionamento... Mas a questão aqui é que cada um tem seu tempo. E, caso você se interesse, aqui entra uma boa oportunidade pra aprender a ter paciência. A respirar, a tolerar, a entender, e aceitar a pessoa não pelo que ela é, mas apesar do que ela é... Talvez uma hora todo aquele fogo se acalme, todo aquele gelo se quebre... Dê a você essa oportunidade! E, digo a você, porque acredite é essa sensação de amor, de perdão, que traz paz, e não que ela seja eterna, mas é maravilhoso saber o poder que a gente tem dentro de nós.
As pessoas podem ser difíceis, a situação complicada, mas é fácil jogar a responsabilidade em outras coisas, sem parar pra perceber o quanto aquilo é difícil em nós, passar por cima do ressentimento, do orgulho, das mágoas, não é como se isso não tivesse machucado, mas você conseguiria ser maior do que tudo isso? Qual o tamanho do seu coração? Se a pessoa estivesse disposta, você está preparado?
Lendo “A Cabana” ano passado, tinha uma parte do livro que dizia algo como pra ir falando em voz alta, dentro de você, treinando o perdão, acho que como se uma hora você internalizasse isso, sei lá... Não sei se é assim que funciona. Acho que tem muita coisa dentro de nós que precisa ser trabalhada e elaborada. Mas concordo com uma coisa que o autor fala... “a reconciliação é uma rua de mão dupla e eu fiz a minha parte, totalmente, completamente, definitivamente. Não é da natureza do amor forçar um relacionamento, mas é da natureza do amor abrir o caminho.”
E então, você está aberto pra fazer a sua parte e abrir o caminho? Eu ainda tenho muito o que vencer dentro de mim e aprender, mas estou tentando... ;)
domingo, 15 de agosto de 2010
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Lindo, lindo! Precisamos mesmo liberar perdão para a nossa vida ser mais leve! É mais fácil viver assim. Ou menos difícil!
ResponderExcluirTe amo, prima!
Bj!