Eu adoro História (e viajar). Quem me conhece, sabe. Então, é lógico que quando meu pai me chamou pra passar uma semana viajando pelas cidades históricas de Minas Gerais, eu aceitei sem pestanejar. Mas, como toda adolescente de 15 anos, meu humor oscilava do hiper feliz ao irritadíssima, ás vezes em segundos! E,(para as mulheres, que me entendem...) de TPM então...
Enfim, em Ouro Petro, num desses dias, a gente foi conhecer as minas desativadas que viviam agora abertas pra visitação. Ao sair de uma das igrejas históricas, meu pai teve a (in?)feliz idéia de chamar um desses meninos que ficam nas portas da igrejas e fazem bico como guia ("guia", bem entre aspas, eu pensava) pra ir com a gente nas minas. Eu fiquei louca, p da vida.
"Não é possível! Meu pai não tem na-da na cabeça! Colocar dentro do carro, com a gente, uma pessoa desconhecida, pra um lugar distante da cidade que a gente não sabe nem onde é!!" ???!!!!
Fiquei irritadíssima! O "guia" se apresentou. Eu dei um "oi" entre os dentes. Fiquei com a cara fechada o dia todo! Odiando tudo! O guia sempre muito simpático, muito gentil, foi explicando tudo e depois contou que tinha feito um curso da cidade pra trabalhar como guia para ajudar em casa, mas que como gostava muito, estava juntando um dinheirinho porque queria estudar mais, fazer faculdade. Tava conseguindo me quebrar, achei super legal isso, ainda mais na idade dele (devia ter uns 16 anos), quem pensava isso?? Mas, claro, a encenação pro meu pai continuava, então não baixei muito a guarda.
No final do passeio, meu pai pagou pra ele o que tinham combinado no início, os R$10,00 (que já naquela época não significava lá graande coisa). Ele saiu correndo falou com um vendedor de pedras que ficava ali na frente. Eu fui descendo em direção ao carro. Ele veio correndo me acompanhar.
-Toma. - ele disse, oferecendo pra mim um pedacinho de algodão enrolado.
Eu abri e dentro tinha um pedacinho de Topázio Imperial, uma jóia semi-preciosa que eles vendem por lá. Eu sabia exatamente o quanto custava aquilo: uns R$ 15,00! Ele contou que o amigo dele fez um desconto pra ele. Ou seja, ele comprou com o dinheiro que havia acabado de receber do meu pai pelo trabalho dele como guia, ainda por cima aguentando uma menina chatérrima como eu! Fiquei suuuper sem graça. Não quis aceitar de jeito nenhum, ainda mais depois de tudo que ele tinha contado. Agradeci muito, pedi desculpa se não tinha sido a mais simpática (obviamente, me sentindo suuuper culpada pela minha cara no passeio inteiro), dizendo que não tinha nada a ver com ele. Ele insistiu, terminando dizendo que ele tinha comprado de coração, que era importante pra ele que eu aceitasse.
(Na boa, ele não estava dando em cima de mim. Ou pelo menos não deixou parecer nada. Ele parecia só estar sendo a pessoa maravilhosa que, evidentemente, ele era.)
Eu aceitei (suuuuper sem graça). Ele voltou pra entrada da mina, já conversando com amigo lá em cima... "E aí? E o movimento hoje?..."
Fiquei parada, olhando a pedrinha, não acreditando naquilo e, principalmente, no meu comportamento aquele dia. Fui pro hotel quebrada...
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A gente lê tanta maldade, ouve tanta notícia ruim, dá importância grande pra tanta coisa pequena, e acaba acreditando demais em tudo e, ás vezes, até fechando o coração...
Mas, ainda existe a alma humana... e os pequenos toques Divinos, além de anjos espalhados por aí.
Não vale a pena se deixar dominar pelo medo, pelo orgulho, ou deixar se enganar pelas aparências, não são nelas que a gente vê o coração...
quarta-feira, 14 de julho de 2010
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